Nossa Visão - 26/02/2018

Retrospectiva

Na mesma semana em que o governo brasileiro anunciou a desistência de aprovar a reforma da Previdência no Congresso Nacional, a agência de classificação de risco Fitch reduziu a nota do risco soberano do país de BB para BB-, com perspectiva estável. Para a Fitch a redução da nota deveu-se aos persistentes e amplos déficits fiscais apresentados pelo Brasil, ao elevado e crescente peso da dívida do governo e ao fracasso em legislar com reformas que melhorem os resultados das finanças públicas.

Para tentar compensar, o governo apresentou uma lista de 15 pautas prioritárias para a área econômica a serem tocadas ainda neste ano. Dessas, 11 são projetos de lei que já estão em tramitação no Congresso. Segundo deputados da base aliada, apenas 5 têm chances de serem tratadas como prioridades: a privatização da Eletrobrás, a autonomia do Banco central, a redução da desoneração da folha de pagamentos, o cadastro positivo e a duplicata eletrônica.

Em relação à economia internacional, na zona do euro, o crescimento empresarial desacelerou em fevereiro, embora permaneça forte. O PMI industrial caiu de 59,6 pontos em março, para 58,5 e o PMI de serviços caiu de 58 pontos para 56,7.

Quanto à inflação do consumidor em janeiro, a agência Eurostat confirmou que ela ficou em 1,3% sobre o mesmo período do ano anterior, mais baixa que a do mês anterior por conta de menores preços dos alimentos.

Nos EUA, na ata da última reunião do FED, em que a taxa de juros foi mantida, ficou evidente que a inflação crescente aumentou a probabilidade de mais altas dos juros em 2018 e que a reforma fiscal do governo Trump irá estimular a economia mais do que o esperado.

Já o PMI composto dos setores industrial e de serviços avançou para 55,9 pontos na prévia de fevereiro, frente aos 53,8 pontos de janeiro.

Nos mercados de ações internacionais, a semana passada foi mais de altas. Enquanto o Dax, índice da bolsa alemã subiu 0,26%, o FTSE-100, da bolsa inglesa recuou 0,69%. Por sua vez o índice S&P 500, da bolsa norte-americana subiu 0,55% e o Nikkey 225, da bolsa japonesa, 0,79%.

Em relação à economia brasileira, dos indicadores parciais de inflação, o IPC-S depois de ter registrado alta de 0,46% na segunda quadrissemana de fevereiro, reduziu a alta para 0,26% na terceira medição. Já o IPC-Fipe registrou queda de 0,23% na terceira mediação, depois de ter registrado alta de 0,03% na segunda. E por fim, o IPCA-15 registrou alta de 0,38% em fevereiro, depois do avanço de 0,39% em janeiro. Foi o menor índice para um mês de fevereiro desde o Plano Real.

Foi divulgado pelo Bacen o IBC-Br de dezembro, com alta de 1,41% frente a novembro. Assim, a prévia informal do PIB subiu 1,04% em 2017, numa mostra da recuperação gradual da atividade econômica no país.

Para a bolsa brasileira, foi outra semana de avanço, com o Ibovespa subindo 3,27%. Assim, a alta acumulada no ano se elevou para 14,25% e para 30,95% a de doze meses. O dólar, por sua vez, subiu 0,11%, levando a queda no ano para 2,00%. O IMA-B Total, por sua vez, subiu 0,05% na semana, acumulando alta de 3,59% no ano.

Comentário Focus

No Relatório Focus recém-divulgado, a média dos economistas que militam no mercado financeiro estimou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subirá 3,73% em 2018, frente a 3,81% na semana anterior. Para 2019 a estimativa é de que suba 4,25%, como na semana anterior.

Para a taxa Selic, o relatório informou que, para o fim de 2018 a taxa Selic estará em 6,75%, como na última pesquisa e em 8% no final de 2019, como na última pesquisa.

Já para o desempenho da economia previsto para este ano, o mercado estimou a evolução do PIB em 2,89%, frente a 2,80% na semana anterior. Para 2019 a estimativa é que o PIB cresça 3%, como na semana anterior.

Para a taxa de câmbio, a pesquisa mostrou que a cotação da moeda americana estará em R$ 3,30, no fim de 2018, como no último relatório e em R$ 3,39 no final de 2019, como na semana anterior.

Para o Investimento Estrangeiro Direto, as expectativas são de um ingresso de US$ 80 bilhões em 2018 e 2019.


Perspectiva

Nesta semana, na zona do euro, teremos a divulgação da inflação do consumidor em fevereiro e da taxa de desemprego em janeiro.

Nos EUA, teremos a divulgação de nova revisão do PIB do quarto trimestre de 2017, das encomendas de bens duráveis em janeiro e dos gastos do consumidor em fevereiro.

No Brasil, teremos a divulgação dos resultados parciais da inflação, do PIB do quarto trimestre de 2017 e da taxa de desemprego em janeiro.

No exterior a principal divulgação é a dos gastos dos consumidores em fevereiro e no Brasil, teremos a divulgação do PIB do quarto trimestre de 2017.

Quanto às aplicações financeiras dos RPPS, continuamos a recomendar uma exposição ao vértice de longo prazo, representado pelo IMA-B Total em 15%. E consideramos de 10%, a exposição em fundos de investimento em títulos públicos que possuem a gestão do duration, produto a ser acompanhado com a maior atenção.

Para os vértices médios (IMA-B 5, IDkA 2A e IRF-M Total) a nossa recomendação é de uma exposição de 15%. Já para os vértices de curto prazo, representados pelos fundos DI, pelos referenciados no IRFM-1 e pelos CDBs a alocação sugerida é de 30%. Lembramos que para evitar o desenquadramento aos limites da Resolução CMN nº 4.604/2017, o percentual máximo de alocação em fundos DI passa a ser de 40%.

Permanece a recomendação de que, com a devida cautela e respeitados os limites das políticas de investimento e as exigências da nova resolução editada pelo CMN, é oportuna a avaliação de aplicações em produtos que envolvam a exposição ao risco de crédito (FIDC e FI Crédito Privado, por exemplo), em detrimento das alocações em vértices mais longos.

Quanto à renda variável, continuamos a recomendar a exposição máxima de 30%, por conta da crescente melhoria das expectativas com a atividade econômica no próximo ano, que deverá refletir em um melhor comportamento dos lucros das empresas e, portanto, da Bolsa de Valores. Assim, já incluídas as alocações em fundos multimercado (10%) que com a nova resolução ficaram maiores, continua a mesma em fundos de participações - FIP (5%) e em fundos imobiliários FII (5%), sendo que a alocação em ações, com o novo perfil dos fundos multimercado passou a ser de 10%.  

Por fim, cabe lembrarmos que as aplicações em renda fixa, por ensejarem o rendimento do capital investido, devem contemplar o curto, o médio e o longo prazo, conforme as possibilidades ou necessidades dos investidores. Já as realizadas em renda variável, que ensejam o ganho de capital, as expectativas de retorno devem ser direcionadas efetivamente para o longo prazo.


Indicadores Diários - 26/02/2018


Índices de Referência - Janeiro/2018