NOSSA VISÃO - 02/09/2019

Retrospectiva

Com uma agenda de divulgação de indicadores vazia, as atenções dos mercados se sustentaram do noticiário externo.

As idas e vindas na guerra comercial entre os EUA e China mantiveram elevados os níveis de volatilidade nos mercados globais, ainda que equipes de negociadores dos dois Países estejam mantendo uma comunicação eficaz, conforme declaração do Ministério das Relações Exteriores chinês. Enquanto isso, uma nova inversão na curva dos Treasuries alimentou as preocupações com o crescimento econômico norte-americano, dado que historicamente é um indicador antecedente de recessão da economia.

O Departamento de Comércio dos EUA divulgou dado sobre os gastos do consumidor, que corresponde a mais de dois terços da atividade econômica local. Houve um aumento de 0,6% no mês de julho, após elevação de 0,3% em junho, ante previsão de 0,5%, conforme economistas consultados pela Reuters. Entretanto, com os EUA impondo tarifas adicionais sobre produtos chineses, há preocupações de que os gastos com consumidor sofram um impacto no futuro.

Neste contexto, foi divulgado o crescimento do PIB norte-americano. Conforme o Departamento de Comércio dos EUA, o País cresceu à taxa anualizada de 2% no segundo trimestre deste ano, um décimo abaixo do previsto pelo governo. Embora mantenha um ritmo saudável de crescimento, a taxa é inferior a do primeiro trimestre, quando a economia americana tinha registrado um crescimento anualizado de 3,1%.

Na zona do Euro, o índice que mede a confiança dos setores corporativos e dos consumidores avançou de 102,7 em julho para 103,1 em agosto, conforme divulgou a Comissão Europeia. O resultado surpreendeu, na medida em que as expectativas indicavam queda no índice para 102,3.

Na vizinha Argentina, a agência classificadora de riscos S&P Global Ratings rebaixou a nota soberana local de "B-" para "SD" (default seletivo), o que levou os poupadores a uma onda de resgates. Imediatamente, o Banco Central argentino divulgou medidas para dar liquidez aos investidores, através de recompras de títulos por meio de leilões. Para conter a depreciação da moeda local, o presidente argentino, Mauricio Macri, editou medidas para que as empresas exportadoras peçam permissão para comprar dólares e limitou sua aquisição por pessoas físicas.

Para os mercados de ações internacionais, a semana foi majoritariamente de alta. Enquanto o Dax, índice da bolsa alemã, subiu 2,82% e o FTSE-100, da bolsa inglesa, avançou 1,58%, o índice S&P 500, da bolsa norte-americana, valorizou 2,79% e o Nikkei 225, da bolsa japonesa, perdeu  -0,03%.Em relação à economia brasileira, foi divulgado pelo IBGE que o PIB avançou 0,4% no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre de 2019. O resultado foi 1% acima do registrado no mesmo período de 2018 e o dobro das expectativas do mercado, mas não é suficiente para descrever uma retomada da economia dado que o crescimento tem bases fracas de comparação.

A FGV divulgou que o IGP-M, também conhecido como a "inflação do aluguel", registrou queda de 0,67% em agosto, ante alta de 0,40% em julho, acumulando alta de 4,95% em 12 meses.  O resultado não surpreendeu e veio em linha com as expectativas, conforme informou a Broadcast.

No campo político, destaque para o parecer favorável à aprovação da reforma da previdência pelo relator da reforma no Senado, o senador Tasso Jereissati. Agora, o projeto deverá passar pela CCJ e posteriormente pelo plenário.

Para a bolsa brasileira a semana foi de recuperação das perdas recentes. O Ibovespa avançou 3,55% na semana. A alta, porém, foi insuficiente para reverter totalmente as perdas e o Ibovespa fechou o mês com queda de 0,67%, acumulando valorização no ano de 15,07% e 31,90% em doze meses. O dólar comercial encerrou o mês com valorização de 8,5%, a maior alta mensal em quatro anos, cotado a R$ 4,142 na venda. A alta fez o Banco Central atuar no câmbio vendendo dólares à vista. Já o IMA-B Total encerrou a semana com recuo de -0,94%, acumulando perda de -0,40% no mês e reduzindo a alta para 16,22% no ano.

 

Relatório Focus

No Relatório Focus divulgado hoje, a média dos economistas que militam no mercado financeiro estimou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subirá 3,59% em 2019, uma redução ante os 3,65% da semana anterior. Para 2020 a estimativa foi mantida em 3,85%.

Para a taxa Selic, o mercado financeiro manteve suas projeções, Nesta semana, o relatório informou que, no fim de 2019 a taxa Selic estará em 5,00%, e em 2020 em 5,25%, mesma projeção da semana anterior.

O mercado financeiro reviu a projeção para o crescimento da economia, com a expansão do PIB ajustada para 0,87% neste ano, ante 0,80% na projeção anterior. Para 2020 a estimativa ficou mantida em 2,10%.

Para a taxa de câmbio, a pesquisa mostrou que a cotação da moeda americana deverá estar em R$ 3,85 no final do ano, ante R$ 3,80 do último relatório. Para 2020 a estimativa é que o dólar encerre o ano cotado a R$ 3,82, enquanto na semana anterior a projeção era de R$ 3,81.

Para o Investimento Estrangeiro Direto, caracterizado pelo interesse duradouro do investimento na economia, as expectativas são de um ingresso de US$ 85 bilhões em 2019, como na última pesquisa, e de US$ 84,68 bilhões em 2020, também mesmo número da pesquisa anterior.

 


Perspectiva

A agenda da semana vem recheada de indicadores para ficar de olho. Destaque para a divulgação dos dados do Índice de Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria e serviços nos EUA e Europa. Enquanto que nos EUA diferentes membros do Banco Central americano (FED, na sigla em inglês) irão discursar, o que sempre cria expectativas em relação ao comportamento dos juros.

Ainda nos EUA, serão divulgados os dados do mercado de trabalho dos EUA (payroll) de agosto, enquanto na zona do Euro será conhecido o resultado do PIB do segundo trimestre, além da divulgação das vendas do varejo de julho.

Por aqui, serão divulgados indicadores de inflação (IPCA e IGP-DI) do mês de agosto, que deverá apontar inflação baixa para o IPCA e deflação para o IGP-DI.

Em relação às aplicações dos RPPS aconselhamos o investimento de 25% dos recursos em fundos de investimento em títulos públicos que possuem a gestão do duration, produto a ser acompanhado com a devida atenção por conta das posições assumidas pelo gestor.

Para os vértices de longo prazo (especificamente o IMA-B Total) recomendamos uma exposição de 10%.

Para os vértices médios (IMA-B 5, IDkA 2A e IRF-M Total), a recomendação é para uma exposição de 25% e para os vértices de curto prazo, representados pelos fundos DI, pelos referenciados no IRFM-1 e pelos CDBs a alocação sugerida é de 10%.

Permanece a recomendação de que, com a devida cautela e respeitados os limites das políticas de investimento e as exigências da resolução CMN nº 3.922/2010 conforme alterada, é oportuna a avaliação de aplicações em produtos que envolvam a exposição ao risco de crédito (FIDC e FI Crédito Privado, por exemplo).

Quanto à renda variável, recomendamos uma exposição máxima de 30%, por conta da melhora do ambiente econômico neste ano, que já se refle em um melhor comportamento dos lucros das empresas e, portanto, da Bolsa de Valores e também pelo fato da importância do produto como fator de diversificação de portfolio, em um momento em que as taxas de juros dos títulos públicos não mais superam a meta atuarial.

Para a alocação em fundos multimercado a nossa sugestão é de 10% dos recursos e de 2,5% a alocação em FII e FIP, respectivamente, dada a pouca disponibilidade de produtos no mercado enquadrados para os RPPS. Para o investimento em ações, a nossa recomendação é de 15% dos recursos, tendo-se em vista o potencial de crescimento das empresas neste e nos próximos anos, como já dissemos, em uma conjuntura de baixa inflação e taxas de juros nas mínimas históricas. Muito embora ainda esteja no campo das expectativas, a implementação das reformas estruturais demandadas pelo mercado em muito também poderão influenciar o comportamento positivo das ações, no futuro.

Para aqueles clientes que já contam com investimento de 5% tanto em FII, quanto em FIP, recomendamos que o teto de investimento em ações se mantenha em 10%.

Por fim, cabe lembrarmos que as aplicações em renda fixa, por ensejarem o rendimento do capital investido, devem contemplar o curto, o médio e o longo prazo, conforme as possibilidades ou necessidades dos investidores. Já as realizadas em renda variável, que ensejam o ganho de capital, as expectativas de retorno devem ser direcionadas efetivamente para o longo prazo.


* Aos clientes que investem em FIDC / Crédito Privado / Fundo Debênture, utilizar como limite máximo o percentual destinado ao Médio Prazo.

** Aos clientes que investem em Fundos de Participações e Fundos Imobiliários em percentual superior a 2,5% em cada, reduzir a exposição de 15% aos Fundos de Ações na proporção desse excesso.


Indicadores Diários -30/08/19



Índices de Referência -Julho/2019