NOSSA VISÃO - 30/09/2019

Retrospectiva

Apesar da volatilidade, a semana encerrou no azul para os ativos de riscos com o cenário político se sobrepondo ao econômico.

Na zona do euro, foi divulgado que o índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) composto, que abrange os setores industrial e de serviços, caiu para 50,4 em setembro, ante 51,9 em agosto, conforme divulgou a IHS Markit, atingindo o menor nível desde junho de 2013. As expectativas eram de estabilidade no número. Apesar da queda, leituras acima de 50 mostram que a atividade do bloco continua em expansão. Já o PMI industrial indica contração mais acentuada da manufatura, ao diminuir para 45,6 em setembro ante 47 em agosto.

Nos EUA, foi divulgado que o PIB do segundo trimestre apresentou crescimento de 2%, conforme dados oficiais. Apesar de o número vir alinhado às projeções, mostrou desaceleração frente ao ritmo de crescimento do primeiro trimestre, quando a economia avançou 3,1% anualizado. Consumo e gastos do governo compensaram a fraqueza do investimento privado no índice.

Ainda por lá, foi divulgado que a deputada democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos EUA, anunciou a abertura de processo de impeachment contra o presidente Donald Trump. O pedido é baseado em denúncia de que ele teria pressionado o presidente da Ucrânia a investigar o filho do pré-candidato democrata Joe Biden. A gravidade do ato de abuso de poder é contundente, porque o presidente praticamente chantageou o governante ucraniano, retendo recursos de ajuda militar para a defesa do país sob ameaça da Rússia, ferindo princípios básicos da segurança nacional dos EUA.

Para os mercados de ações internacionais, a semana foi de queda na maior parte das bolsas de valores. Enquanto o Dax, índice da bolsa alemã, caiu -0,70% e o FTSE-100, da bolsa inglesa, subiu 1,11%, o índice S&P 500, da bolsa norte-americana, recuou -1,01% e o Nikkei 225, da bolsa japonesa, cedeu -0,91%.

Do lado doméstico foi divulgado que o IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, registrou leve alta de 0,09% em setembro, ante leitura de 0,08% registrada em agosto. Conforme noticiou o IBGE, o grupo de Alimentação e Bebidas contribuiu positivamente ao recuar -0,34%. Por outro lado, o grupo Habitação avançou 0,76%.

Conforme divulgou a FGV, o Índice de Confiança da Indústria - ICI ficou estável em setembro, na comparação com agosto, em 95,6 pontos, indicando que o setor continuou andando de lado no terceiro trimestre e não haverá contribuição da indústria na recuperação da economia, que segue lenta.

Também foi divulgado que o IGP-M recuou -0,01% em setembro, uma alta em relação à queda de -0,67% verificada em agosto. No ano, o IGP-M acumula alta de 4,09%, e em 12 meses a alta é de 3,37%.

Outro dado que mostra a fraqueza da economia veio na divulgação dos dados de emprego. Conforme divulgou o IBGE, através da Pnad Contínua, a pesquisa mostrou que a taxa de desemprego no Brasil ficou em 11,8% no trimestre encerrado em agosto, uma queda em relação ao trimestre anterior, de 12,3%. O resultado foi puxado pela criação de vagas informais, sem carteira assinada, que bateu recorde no período. Ainda assim, há 12,6 milhões de desempregados no país.

Durante a semana, foi divulgada a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central - Copom, quando os juros básicos da economia recuaram para 5,50% ao ano. O documento mostra que o comitê estimou que o PIB deve apresentar ligeiro crescimento no terceiro trimestre do ano, reforçado pelos estímulos decorrentes da liberação dos recursos do FGTS e PIS-PASEP, além de projetar inflação abaixo da meta em 2019 e 2020. Neste cenário benigno para a inflação prospectiva, o Copom indica novo corte no juro ainda este ano.

Para a bolsa brasileira a semana foi de valorização nos preços das ações. O Ibovespa avançou 0.25% na semana, acumulando valorização no ano de 19,56% e 32,44% em doze meses. O dólar comercial encerrou a sessão de sexta-feira cotado a R$ 4,155 na compra R$ 4,156 na venda. Na semana, a moeda norte-americana permaneceu estável. Já o IMA-B Total encerrou a semana com valorização de 0,24%, acumulando ganhos no mês de 2,86% e no ano de 19,54%.

 

Relatório Focus

No Relatório Focus divulgado hoje, a média dos economistas que militam no mercado financeiro estimou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subirá 3,43% em 2019, uma redução ante os 3,44% da semana anterior. Para 2020 a estimativa foi reduzida para 3,79%, ante 3,80% da pesquisa anterior. O resultado continua abaixo da meta de inflação fixada pelo CMN para este ano, de 4,25%.

Para a taxa Selic, o mercado financeiro alterou as expectativas e reduziu a projeção para abaixo dos 5,00%, com o relatório informando que, ao final de 2019, a taxa Selic estará em 4,75%. Para 2020, a previsão foi mantida em 5,00%.

O mercado financeiro manteve a estimativa para a taxa de crescimento da economia este ano em 0,87%. Para 2020 a expansão do PIB também foi mantida em 2,00%.

Os profissionais consultados pelo BACEN elevaram as previsões para o dólar a R$ 4,00 neste ano, ante R$ 3,95 da projeção anterior. Para o encerramento de 2020, a estimativa foi aumentada para R$ 3,91.

Para o Investimento Estrangeiro Direto, caracterizado pelo interesse duradouro do investimento na economia, as expectativas são de um ingresso de US$ 83,40 bilhões em 2019 e de US$ 83,20 bilhões em 2020, ambos abaixo das projeções anteriores.

 

Perspectiva

A volatilidade nos preços dos ativos tende a permanecer durante esta semana, diante do noticiário político e econômico, apesar dos mercados chineses permanecerem fechados ao longo da semana em razão do feriado prolongado local.

Destaque para a agenda marcada para os dias 10 e 11 na capital Washington, entre altos funcionários dos EUA e China para discutir o conflito tarifário e buscar negociações que ponham um ponto nas questões. Entretanto, o governo Donald Trump estaria considerando novas e radicais táticas de pressão financeira sobre Pequim, incluindo a possibilidade de excluir empresas chinesas das bolsas de valores norte-americanas. É possível que esses movimentos tenham como objetivo tirar o foco da abertura do processo de impeachment, ainda que seu andamento seja considerado improvável diante da dificuldade em se obter apoio do Senado, de maioria republicana.

Por aqui, destaque para a votação da reforma da previdência no Senado, com previsão de que tanto o parecer do relator Tasso Jereissati na CCJ, quanto o texto enviado pelo governo sejam apreciados pela Casa ainda esta semana.

Na pauta de indicadores a serem divulgados, destaque para os números de emprego na zona do Euro e do Índice de Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) industrial também na zona do Euro e Alemanha, que podem confirmar se a economia da região caminha ou não para a recessão.  Nos EUA, destaque para a divulgação dos dados de emprego (payroll) a serem divulgados pelo Departamento do Trabalho, que podem influenciar as decisões sobre o rumo dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). No Brasil, destaque para a divulgação da Produção Industrial de agosto e Balança Comercial de setembro.

Em relação às aplicações dos RPPS aconselhamos o investimento de 25% dos recursos em fundos de investimento em títulos públicos que possuem a gestão do duration, produto a ser acompanhado com a devida atenção por conta das posições assumidas pelo gestor.

Para os vértices de longo prazo (especificamente o IMA-B Total) recomendamos uma exposição de 10%.

Para os vértices médios (IMA-B 5, IDkA 2A e IRF-M Total), a recomendação é para uma exposição de 25% e para os vértices de curto prazo, representados pelos fundos DI, pelos referenciados no IRFM-1 e pelos CDBs a alocação sugerida é de 10%.

Permanece a recomendação de que, com a devida cautela e respeitados os limites das políticas de investimento e as exigências da resolução CMN nº 3.922/2010 conforme alterada, é oportuna a avaliação de aplicações em produtos que envolvam a exposição ao risco de crédito (FIDC e FI Crédito Privado, por exemplo).

Quanto à renda variável, recomendamos uma exposição máxima de 30%, por conta da melhora do ambiente econômico neste ano, que já se refle em um melhor comportamento dos lucros das empresas e, portanto, da Bolsa de Valores e também pelo fato da importância do produto como fator de diversificação de portfolio, em um momento em que as taxas de juros dos títulos públicos não mais superam a meta atuarial.

Para a alocação em fundos multimercado a nossa sugestão é de 10% dos recursos e de 2,5% a alocação em FII e FIP, respectivamente, dada a pouca disponibilidade de produtos no mercado enquadrados para os RPPS. Para o investimento em ações, a nossa recomendação é de 15% dos recursos, tendo-se em vista o potencial de crescimento das empresas neste e nos próximos anos em uma conjuntura de baixa inflação e taxas de juros nas mínimas históricas. Muito embora ainda esteja no campo das expectativas, a implementação das reformas estruturais demandadas pelo mercado em muito também poderão influenciar o comportamento positivo das ações, no futuro.

Para aqueles clientes que já contam com investimento de 5% tanto em FII, quanto em FIP, recomendamos que o teto de investimento em ações se mantenha em 10%.

Por fim, cabe lembrarmos que as aplicações em renda fixa, por ensejarem o rendimento do capital investido, devem contemplar o curto, o médio e o longo prazo, conforme as possibilidades ou necessidades dos investidores. Já as realizadas em renda variável, que ensejam o ganho de capital, as expectativas de retorno devem ser direcionadas efetivamente para o longo prazo.


* Aos clientes que investem em FIDC / Crédito Privado / Fundo Debênture, utilizar como limite máximo o percentual destinado ao Médio Prazo.

** Aos clientes que investem em Fundos de Participações e Fundos Imobiliários em percentual superior a 2,5% em cada, reduzir a exposição de 15% aos Fundos de Ações na proporção desse excesso.

Indicadores Diários -30/09/19


Índices de Referência -Agosto/2019