NOSSA VISÃO - 07/10/2019

Retrospectiva

O noticiário externo deu o tom em semana de aversão a risco para os mercados, diante da divulgação de importantes indicadores da economia americana.

Nos EUA, o índice de atividade industrial divulgado pelo Instituto para Gestão de Oferta (ISM, na sigla em inglês) recuou de 49,1 em agosto para 47,8 em setembro, o nível mais baixo desde junho de 2009, e abaixo das projeções dos analistas de alta em 50,1. A queda reflete uma diminuição da confiança nos negócios, com o comércio global no cerne da questão em razão da guerra tarifária.

O setor de serviços também recuou ao menor nível em três anos, conforme divulgou o ISM. O índice caiu para 52,6 em setembro, ante 56,4 no mês anterior. A leitura ficou abaixo das expectativas de 55,0 de uma pesquisa da Reuters com 67 economistas, e foi a mais baixa desde agosto de 2016.

O relatório de emprego não agrícola americano revelou que foram criados 136 mil postos de trabalho em setembro, ante previsão de 150 mil. A taxa de desemprego norte-americana caiu para 3,5%, a menor em 50 anos.

Outro dado que reflete a preocupação de um cenário macroeconômico recessivo é a queda do petróleo. O mercado parecia equilibrado, com o preço variando em US$ 60 para o tipo WTI e de US$ 70 para o Brent após o ataque de 14 de setembro às instalações de petróleo da Arábia Saudita, está agora de volta aos mínimos pré-ataque. Hoje, o petróleo WTI é negociado na casa dos US$ 53, enquanto o Brent a US$ 58.

Em meio à escalada das tensões comerciais e a perspectiva de desaceleração global, a Organização Mundial do Comércio (OMC, na sigla em inglês) divulgou a projeção para o crescimento das transações globais em 2019. Conforme o relatório, a expansão será de 1,2% este ano, bem abaixo da projeção apresentada apenas seis meses atrás, de 2,6%. Para 2020, a previsão é de crescimento de 2,7%, ante previsão de 3% feita em abril.

Os mercados chineses permaneceram fechados durante a semana, em razão dos festejos pelos 70 anos de aniversário da fundação da República Popular da China, não sem antes serem revelados números sobre a economia local. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) oficial da indústria da China subiu a 49,8 em setembro, um pouco melhor do que o esperado e ante 49,5 em agosto, porém abaixo da marca de 50 que separa expansão de contração. A pesquisa do instituto Caixin/Markit mostrou também que a atividade industrial acelerou inesperadamente para a máxima de 51,4 em setembro, devido principalmente ao aumento nas encomendas domésticas conforme fazem efeito as medidas de suporte do governo.

Para os mercados de ações internacionais, a semana foi de queda na maior parte das bolsas de valores. Enquanto o Dax, índice da bolsa alemã, caiu -2,97% e o FTSE-100, da bolsa inglesa, recuou -3,65%, o índice S&P 500, da bolsa norte-americana, perdeu -0,33% e o Nikkei 225, da bolsa japonesa, cedeu -2,14%.

Do lado doméstico, foi revelado que a produção industrial medida pelo IBGE teve uma alta de 0,8% em agosto ante julho, interrompendo três meses consecutivos de queda. No acumulado do ano, o índice tem queda de 1,7%.

Conforme divulgou o Ministério da Economia, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 2,25 bilhões, o pior resultado para o mês de setembro em cinco anos e uma queda de 55% em comparação a setembro do ano passado. As exportações somaram US$ 18,74 bilhões, uma queda de 11,63% em relação um ano atrás, enquanto as importações somaram US$ 16,49 bilhões.

Para a bolsa brasileira a semana foi de desvalorização nos preços das ações. O Ibovespa recuou 2,40% na semana, acumulando valorização no ano de 16,69% e 24,57% em doze meses. O dólar comercial encerrou a sessão de sexta-feira cotado a R$ 4,057 na venda. Na semana, a moeda norte-americana recuou 2,39%. Já o IMA-B Total encerrou a semana com valorização de 0,18%, acumulando ganhos no mês de 0,18% e no ano de 19,76%.

 

Relatório Focus

No Relatório Focus divulgado hoje, a média dos economistas que militam no mercado financeiro estimou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subirá 3,42% em 2019, uma redução ante os 3,43% da semana anterior, sendo a nona revisão consecutiva para baixo. Para 2020 a estimativa foi reduzida para 3,78%, ante 3,79% da pesquisa anterior. O resultado se distancia ainda mais da meta de inflação fixada pelo CMN para este ano, de 4,25%.

Para a taxa Selic, o mercado financeiro manteve as expectativas com o relatório informando que, ao final de 2019, a taxa Selic estará em 4,75%. Há um mês estava em 5,00%. Para 2020, a previsão foi mantida em 5,00%.

O mercado financeiro manteve a estimativa para a taxa de crescimento da economia este ano em 0,87%. Para 2020 a expansão do PIB também foi mantida em 2,00%.

Os profissionais consultados pelo BACEN mantiveram as previsões para o dólar a R$ 4,00 neste ano. Para o encerramento de 2020, a estimativa foi aumentada para R$ 3,95, ante R$ 3,91 da projeção anterior.

Para o Investimento Estrangeiro Direto, caracterizado pelo interesse duradouro do investimento na economia, as expectativas são de um ingresso de US$ 83,00 bilhões em 2019 e de US$ 84,00 bilhões em 2020.


 

Perspectiva

A volatilidade nos preços dos ativos tende a permanecer durante esta semana, com muitos dados econômicos e importantes eventos políticos aqui e no exterior.

No Brasil, o governo vai continuar negociando com os senadores para garantir a aprovação em segundo turno da reforma da previdência, que emperrou em meio à pressão dos parlamentares por verbas do leilão de cessão onerosa do pré-sal. Na agenda econômica destaque para os dados de inflação, com IBGE divulgando o IPCA de setembro. Serão divulgados, também pelo IBGE, os dados de varejo e do setor de serviços de agosto.

Na agenda internacional, o destaque será a ata da mais recente reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, na sigla em inglês), que reduziu a taxa de juro americana em 0,25 pontos-base. Está previsto discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, que pode dar pistas sobre a condução da política monetária na próxima reunião do Fomc, prevista para o dia 30 deste mês. Destaque para o encontro nos dias 10 e 11 na capital Washington, entre altos funcionários dos EUA e China para discutir o conflito tarifário e buscar negociações que ponham um ponto nas questões, e que ocorre em meio ao pedido de impeachment contra o presidente norte-americano Donald Trump. O processo ganhou mais força no fim de semana com a informação de que outro agente do serviço de inteligência teria confirmado as acusações de que o presidente tentou negociar com o governo da Ucrânia investigações contra o filho do possível candidato democrata Joe Biden.

Em relação às aplicações dos RPPS aconselhamos o investimento de 25% dos recursos em fundos de investimento em títulos públicos que possuem a gestão do duration, produto a ser acompanhado com a devida atenção por conta das posições assumidas pelo gestor.

Para os vértices de longo prazo (especificamente o IMA-B Total) recomendamos uma exposição de 10%.

Para os vértices médios (IMA-B 5, IDkA 2A e IRF-M Total), a recomendação é para uma exposição de 25% e para os vértices de curto prazo, representados pelos fundos DI, pelos referenciados no IRFM-1 e pelos CDBs a alocação sugerida é de 10%.

Permanece a recomendação de que, com a devida cautela e respeitados os limites das políticas de investimento e as exigências da resolução CMN nº 3.922/2010 conforme alterada, é oportuna a avaliação de aplicações em produtos que envolvam a exposição ao risco de crédito (FIDC e FI Crédito Privado, por exemplo).

Quanto à renda variável, recomendamos uma exposição máxima de 30%, por conta da melhora do ambiente econômico neste ano, que já se refle em um melhor comportamento dos lucros das empresas e, portanto, da Bolsa de Valores e também pelo fato da importância do produto como fator de diversificação de portfolio, em um momento em que as taxas de juros dos títulos públicos não mais superam a meta atuarial.

Para a alocação em fundos multimercado a nossa sugestão é de 10% dos recursos e de 2,5% a alocação em FII e FIP, respectivamente, dada a pouca disponibilidade de produtos no mercado enquadrados para os RPPS. Para o investimento em ações, a nossa recomendação é de 15% dos recursos, tendo-se em vista o potencial de crescimento das empresas neste e nos próximos anos em uma conjuntura de baixa inflação e taxas de juros nas mínimas históricas. Muito embora ainda esteja no campo das expectativas, a implementação das reformas estruturais demandadas pelo mercado em muito também poderão influenciar o comportamento positivo das ações, no futuro.

Para aqueles clientes que já contam com investimento de 5% tanto em FII, quanto em FIP, recomendamos que o teto de investimento em ações se mantenha em 10%.

Por fim, cabe lembrarmos que as aplicações em renda fixa, por ensejarem o rendimento do capital investido, devem contemplar o curto, o médio e o longo prazo, conforme as possibilidades ou necessidades dos investidores. Já as realizadas em renda variável, que ensejam o ganho de capital, as expectativas de retorno devem ser direcionadas efetivamente para o longo prazo.


* Aos clientes que investem em FIDC / Crédito Privado / Fundo Debênture, utilizar como limite máximo o percentual destinado ao Médio Prazo.

** Aos clientes que investem em Fundos de Participações e Fundos Imobiliários em percentual superior a 2,5% em cada, reduzir a exposição de 15% aos Fundos de Ações na proporção desse excesso.

Indicadores Diários -07/10/19


Índices de Referência -Agosto/2019