NOSSA VISÃO - 15/09/2020

RETROSPECTIVA

O destaque da semana foi novamente a volatilidade dos mercados de risco no mundo, incluindo o Brasil. Com o comportamento do dólar frente as principais moedas no mundo, inclusive no real, o impacto foi sentido nos mercados onde a volatilidade foi o reflexo. 

O quadro político do brasil deu uma esfriada na semana, não sendo muito impactante para os mercados, mas ainda há muitas preocupações, principalmente em relação aos indicadores de conjuntura econômica, que são dados estatísticos que analisam a economia e a política nacional.

No exterior, as relações entre USA e CHINA permanecem desgastadas, após os constantes desacertos, reuniões remarcadas e canceladas, o clima de tensão permanece, a principal pressão gira em torno dos Estados Unidos frente aos seus aliados, indicando repudio aos que adotarem o uso de tecnologia Chinesa, atualmente o 5G, tratado como a tecnologia do momento. 

O Covid-19 segue no radar, uma vez em que novas contaminações foram registradas, principalmente na Europa, devido ao relaxamento do isolamento social, inclusive nessa semana, foram registrados novos casos de contaminação em maior quantidade na Europa do que nos Estados Unidos. 

Tivemos alguns revés em relação a vacinas destinadas a combater a pandemia do novo corona virus, a biofarmacêutica global Astrazeneca, suspendeu a terceira fases de testes, mas indicou que seguira o cronograma apresentado, o presidente Donald Trump, segue com o seu discurso intacto, mantendo sua fala de que os Estados Unidos, terá vacinas prontas para serem aplicadas até o final de 2020. 

Outro aspecto que deixou os investidores recuados, foi o não acordo entre republicanos e democratas a cerca sobre o pacote de estímulos dos Estados Unidos, que tem como principal motivo manter a recuperação econômica do país. 

Os próximos capítulos por lá, são as eleições de 03/11, que deve promover os maiores ruídos a partir de agora, principalmente por conta do próximo debate dos dois candidatos, Joe Biden e Donald Trump. 

Na Europa, o destaque fica por conta da reunião do Banco Central Europeu, para discutir as políticas monetárias, o resultado ficou dentro do esperado, sem grandes mudanças, chegou-se também a um consenso em que a região cresce de forma desigual e mais estímulos são necessários. O Conselho Europeu aprovou 6,2 bilhões de euros adicionais em resposta ao Covid-19.

Por fim, na zona do euro, o PIB encolheu 11,8% no segundo trimestre, mas veio melhor que o previsto de -14,7%, índice Stoxx Europe 600 ficou em alta de 0,13% aos 367.96 pontos em Londres

Na Ásia, os mercados permaneceram para cima, o foco ficou sobre o BCE (Banco Central Europeu) e já com as expectativas para a escolha do primeiro-ministro pelo Partido Liberal, dado que Shinzo Abe anunciou que deixará o cargo por problemas de saúde.

o índice Hang Seng, bolsa de Hong Kong, ficou em alta de 0,78% aos 24.503. O índice Xangai, China, ficou em alta de 0,79% aos 3.26.

Por aqui, a situação política se manteve mais calma, mas ainda assim alguns estresses com o governo questionando supermercados sobre altas de alimentos.

O andamento de tudo que depende do congresso vai ficando cada vez mais dificultoso com a proximidade das eleições. Com isso, se cria as incertezas e dúvidas sobres as reformas administrativa e tributária, Pacto Federativo e a grande preocupação com o teto de gastos.


RELATÓRIO FOCUS

O Boletim Focus, é um documento divulgado pelo BACEN que reúne as principais informações referentes a expectativas em relação à nossa economia.

Atualmente, o Boletim Focus é elaborado por profissionais do Gerin (Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais) e é divulgado semanalmente através do site do Banco Central.

O Relatório Focus é extremamente útil para direcionar não só as ações governamentais, mas também serve de base para os direcionamentos dos investidores.

De acordo com o relatório divulgado nesta segunda-feira, dia 14, as informações vieram em linha com as expectativas de mercado, relatando algumas diferenças com o relatório anterior, mas sem surpresas.  

Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as projeções subiram de 1,78% para 1,94%. Para 2021, a previsão para o IPCA saiu de 3,00% para 3,01%. Para 2022, as estimativas ficaram em 3,50%. O índice ficou em 3,25% nas projeções para 2023.

A expansão do PIB (Produto Interno Bruto) saiu - 5,31% para -5,11% para este ano, indicando uma leve melhora. Para 2021, a estimativa permaneceu em 3,50%. As projeções se mantiveram em 2,50% para 2022 e 2023

A previsão do mercado financeiro para o dólar ficou em R$5,25 este ano. Para 2021, a projeção ficou em R$5,00. Já para 2022, a projeção ficou em R$4,90 e saiu de R$4,85 para R$4,90 em 2023.

A projeção para a taxa básica de juros, a Selic, ficou em 2,00% para 2020. Para 2021, os analistas retiraram os 2,88% para 2,50%. As projeções ficaram em 4,50% em 2022 e saiu de 5,75% para 5,50% em 2023.



PERSPECTIVA

O Ibovespa fechou a semana passada a 98.363 mil pontos, lateralizando mais uma vez a retomada econômica, ainda esperando mais gatilhos advindos do exterior e das diretrizes das nossas políticas.

Nesta terça feira (15) o Ibovespa apresenta alta, se beneficiando do clima externo positivo, podendo chegar aos 100 mil pontos ainda hoje.

Na pauta brasileira, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma previa do PIB, teve alta de 2,15% em julho em relação ao mês anterior, menos do que o esperado pelos mercados. 

O Boletim Focus veio com poucas mudanças em relação ao relatório anterior, a principal revisão foi em relação ao PIB, vindo com uma perspectiva melhor do que o relatório anterior que havia colocado uma pausa após nove semanas consecutivas de melhora. Entretanto, o foco ainda fica por conta dos aspectos políticos.

A semana começa com as mesmas preocupações das últimas, tanto no cenário interno como no externo, acompanharemos os ânimos dos investidores com a definição dos pacotes fiscais nos Estados Unidos, se os países europeus iram estimular economia através de políticas fiscais e monetárias e volta da contaminação e restrições do distanciamento sociais. 

Com as eleições americanas cada vez mais próximas, deve-se ser o foco das atenções a disputa entre os candidatos e o primeiro debate entre Trump e Biden agendado para 29 de setembro. 

Nos Estados Unidos, após a divulgação sobre o aumento de vagas de emprego acima das expectativas, os estoques do setor do varejo em constante diminuição, levaram o Presidente Donald Trump a voltar a falar sobre uma recuperação em "V", o que seria muito benéfico para o Brasil. 

O superávit na balança Chinesa fruto de um aumento de exportação e uma diminuição da importação, mexe diretamente com o preço das commodities, podendo até nos impactar. 

Na Zona do Euro, esperamos os próximos anúncios do BCE, em relação as políticas que vão ser adotadas por lá, e os impactos diretos ou indiretos no resto do mundo, além de observar os novos casos de corona vírus relatados após a flexibilização do distanciamento social. 

Por aqui, ainda há as questões relacionadas com a área econômica que precisam ser definidas para entrar no orçamento de 2021, programa Renda Brasil e Pró-Brasil, teto de gastos, LRF (lei de responsabilidade fiscal) e regra de ouro e o nível de endividamento.

Um possível afrouxamento dos gastos, ou gastos não previstos no orçamento aprovado, além de gerar desconfiança dos investidores estrangeiros, geraria um aumento na taxa de juros e isso não seria bom para o estado da economia atual. 

O mais recomendado para o atual momento é a cautela ao assumir posições mais arriscadas no curto prazo, a volatilidade nos mercados deve se mantem sem ainda a desenhar um horizonte claro, em razão principalmente pelo nosso cenário político.

Mantemos nossa recomendação de adotar cautela nos investimentos e acompanhamento diário dos mercados e estratégias. Mantemos a sugestão para que os recursos necessários para fazer frente às despesas correntes sejam resgatados dos investimentos menos voláteis (CDI, IRF-M1, IDkA IPCA 2A). Os demais recursos mantenham-nos em "quarentena" esperando um melhor momento para realocar. Tomar decisões precipitadas enseja realizar uma perda decorrente da desvalorização dos investimentos sem possibilidades de recuperação na retomada dos mercados. Para aqueles que enxergam uma oportunidade de investir recursos a preços mais baratos, municie-se das informações necessárias para subsidiar a tomada da decisão.



* Aos clientes que investem em Fundos de Participações e Fundos Imobiliários em percentual superior a 2,5% em cada, reduzir a exposição aos Fundos de Ações na proporção desse excesso.


Indicadores Diários - 11/09/2020



Índices de Referência - Agosto/2020