NOSSA VISÃO - 28/09/2020

RETROSPECTIVA

A semana se mostra difícil para o mercado de risco de todo o mundo, marcada pela grande volatilidade. Outro ponto de destaque, é reincidência das contaminações pelo covid-19, quem afetando principalmente Europa, gerando grande preocupação com a recuperação da economia global.

Para economia doméstica, estamos copilando todas as informações, porém, ainda temos mais fatores que causam grande preocupação como, a questão fiscal extremamente problemática e as medidas populistas adotadas pelo governo, que levam ao desequilíbrio no teto de gastos.

 No plano internacional, a nova contaminação pela covid-19 em países e regionais segue sendo como o cenário básico. Durante a semana, observamos recordes de contágio na Índia, França e Reino Unido; além de outros, com governos sugerindo lockdown e restrições de contato social para evitar o alastramento. Com isso, começa a ser quebrada a possibilidade de recuperações em "V" para alguns países, e até mesmo para os EUA e China. Dados anunciados recentes levam a essa conclusão.

De olho na corrida eleitoral, o presidente Donald Trump relata a possibilidade de distribuição de vacinas até o final do ano, mesmo sabendo que uma fórmula eficaz não pode ficar pronta em pouco tempo.

Ainda nos Estados Unidos temos um discurso surgindo por parte dos presidentes regionais do FED como tema de que se faz necessário um novo pacote fiscal para o país. O retrato que se vê é de pessimismo por parte de alguns e outro descartam estratégia de juros negativos.

Já na área de influência do BOE (BC inglês), o presidente Bailey estuda a possibilidade de adoção de juros negativos, nos moldes do exemplo do BCE (BC europeu), que por sua vez, também está sendo pressionado para novas flexibilizações monetárias e mais autonomia para bancos centrais de países da zona do euro.

Na China, o PBOC (BC chinês) manteve inalterada a taxa de juros pelo quinto mês consecutivo, com a LPR de um ano em 3,35%. Já no Japão, o governo agora de Suga como primeiro-ministro e Kuroda do BOJ (BC japonês), declararam que não hesitarão em flexibilizar ainda mais a política monetária para manter a avaliação positiva mais recente.

No ambiente doméstico, o governo Bolsonaro tem um índice maior de aprovação, saindo de uma marca de 29% para 40%, conforme dados da pesquisa Ibope, justifica esse número principalmente pelo fator do Auxilio Emergencial que beneficiou grande parte da população com renda mais baixa.

Na abertura da reunião da ONU, pela primeira vez realizada de forma virtual, Bolsonaro sofreu muitas críticas da imprensa internacional com relação ao discurso sobre o meio ambiente. De modo geral o discurso não afastou o fato de temos uma economia descontrolada e com grande problema fiscal. Publicada, a ata do Copom segue a linha do comunicado pós reunião, e não destacou novidades. Em suma, o Bacen segue confiante em uma inflação controlada, mais não descarta a preocupação com ambiente econômico, reforçando o quanto é necessário dar continuidade a agenda de reformas. 


RELATÓRIO FOCUS

De acordo com o relatório divulgado nesta segunda-feira, dia 21, as informações vieram em linha com as expectativas de mercado, relatando algumas diferenças com o relatório anterior, mas sem surpresas.  

Para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), as projeções passaram de 1,99% para 2,05%. Para 2021, a previsão para o IPCA se manteve em 3,01%. Para 2022, as estimativas ficaram em 3,50%. O IPCA continua em 3,25% nas projeções para o ano de 2023.

A projeção para a PIB (Produto Interno Bruto) passou de -5,05% para - 5,04% para este ano, refletindo pouca melhora do desempenho da economia. Para 2021, a estimativa permaneceu em 3,50%. As projeções ficaram em 2,50% para 2022 e 23.

A previsão do mercado financeiro para a cotação do dólar ficou em R$5,25 este ano. Para 2021, a projeção ficou em R$5,00. Já para 2022, a projeção ficou em R$4,90 e R$4,85 para 2023.

A projeção para a taxa básica de juros, a Selic, se mantem em 2,00% para 2020. Para 2021, os analistas também deixaram as projeções em 2,50%. As projeções ficaram em 4,50% em 2022 e de 5,50% para 2023.



PERSPECTIVA 

Em resumo, continuamos em um cenário de incertezas, principalmente devido aos dados de crescimento divulgados nos últimos dias. Nos mostram que a economia global não está reagindo aos estímulos monetários de seus governos.

Outro ponto que traz grandes efeitos para economia global, é o surgimento de novos casos do covid-19, forçando alguns países a voltarem para o estado de quarentena, o que reflete em um fechamento da economia.

Atualmente a grande discussão em diversos países, principalmente nos EUA, é com relação a pacotes de ajustes fiscais.

No Brasil, tivemos sinais de abertura na curva de juros, o que nos preocupa quanto ao aumento de taxa de juros e a alta volatilidade nos títulos federais de longo prazo. Outro acontecimento que não tínhamos desde 2002, foram as LFTs (Tesouro Selic) sendo negociada a taxas negativas

Outro ponto que preocupa a economia doméstica é a ação populista do governo, neste momento já visando o cenário eleitoral. Essas ações colocam em risco o teto de gastos definido, sem esse comprometimento, nossa economia caminha cada vez mais desacreditada e com dificuldade de garantir segurança aos investidores. 

O mais recomendado para o atual momento é a cautela ao assumir posições mais arriscadas no curto prazo, a volatilidade nos mercados deve se manter sem ainda a desenhar um horizonte claro, em razão principalmente pelo nosso cenário político.

Mantemos nossa recomendação de adotar cautela nos investimentos e acompanhamento diário dos mercados e estratégias. Mantemos a sugestão para que os recursos necessários para fazer frente às despesas correntes sejam resgatados dos investimentos menos voláteis (CDI, IRF-M1, IDkA IPCA 2A). Os demais recursos mantenham-nos em "quarentena" esperando um melhor momento para realocar. Tomar decisões precipitadas enseja realizar uma perda decorrente da desvalorização dos investimentos sem possibilidades de recuperação na retomada dos mercados. Para aqueles que enxergam uma oportunidade de investir recursos a preços mais baratos, municie-se das informações necessárias para subsidiar a tomada da decisão.



* Aos clientes que investem em Fundos de Participações e Fundos Imobiliários em percentual superior a 2,5% em cada, reduzir a exposição aos Fundos de Ações na proporção desse excesso.


Indicadores Diários - 25/09/2020



Índices de Referência - Agosto/2020