NOSSA VISÃO - 05/10/2020

RETROSPECTIVA

Semana marcada pelo grande desbalanceamento entre os principais ativos de risco, ações, juros e câmbio apresentaram grande volatilidade, refletindo a mudança de comportamento dos investidores, momentos de aversão e de propensão ao risco vem se alternando bastante, fazendo com que as oscilações se mantenham.

No cenário externo, temos a aceleração no desenvolvimento das vacinas contra o corona-vírus, e por outro lado a contaminação do vírus novamente em acessão, em especial na Europa com a França batendo novos recordes de contaminação, assim como o Reino Unido, Espanha e Alemanha.

Há também grandes discussões sobre o primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden, e com o pacote de estímulo fiscal discutido entre Republicanos e Democratas.

O que afeta o atual governo dos Estados Unidos com mais força, é a reta final das eleições e o anúncio de Trump indicando que testou positivo para o vírus e vai seguir em quarentena, faltando menos de um mês para as eleições. Vale a pena ressaltar que uma das maiores forças de Trump são os comícios, onde ele consegue movimentar muito bem os eleitores.

Sobre o debate dos candidatos na televisão, não foi possível tirar conclusões. Trump usou uma estratégia onde interrompia seguidamente Biden que parece ter sido afetado. 

Sobre o pacote de estímulo fiscal, tudo indica que a câmara ainda está longe de um consenso. Os Democratas aceitam reduzir o pacote para US$ 2,2 trilhões, enquanto Mnuchin (Secretário do Tesouro dos Estados Unidos) fala em US$ 1,6 bilhão. Em 1/10, a Câmara americana aprovou estímulos de US$ 2,2 trilhões, que deve ser rejeitada pelo Senado, assim como foi feito com a proposta original de US$ 3,4 trilhões.

Os assuntos mais importantes na Europa giram em torno da disseminação do corona-vírus e o Brexit, em relação ao Brexit, parece que as negociações estão longe de chegarem ao fim, a União Europeia alega quebra do acordo de saída e o Reino Unido, como  de costume, desejam todos benéficos e nenhum maleficio. A União Europeia quer negociar, mas respeitando alguns limites. O fato é, todas as previsões de conjuntura feitas pela União Europeia contemplam a saída do Reino Unido sem um acordo.

Na Ásia, os mercados sofreram queda em setembro, tendo como principal fator as preocupações com as contínuas tensões sino-americanas e as oscilações nos mercados estrangeiros devido a temores sobre uma segunda onda de corona-vírus.

No ambiente doméstico, o governo Bolsonaro tem um índice maior de aprovação, saindo de uma marca de 29% para 40%, conforme dados da pesquisa Ibope, justifica esse número principalmente pelo fator do Auxílio Emergencial que beneficiou grande parte da população com renda mais baixa.

Porem dados mais recentes, indicam que esse ganho de aprovação não se deu por conta de São Paulo, as taxas de aprovação e desaprovação à gestão do presidente Jair Bolsonaro praticamente não variaram desde março, quando a pandemia do novo corona-vírus ainda estava em sua fase inicial no Brasil, podendo comprovar a tese em que Bolsonaro ganhou força com o populismo necessário em outras regiões, mas não em São Paulo. 

Ainda na semana, tivemos que conviver com as inconstâncias do governo, sobre de onde viriam os recursos para lançar o programa Renda Brasil. Divulgaram que seria utilizado recursos do Fundeb e de precatórios, mas a reação contra foi enorme. 

Entretanto, o próprio ministro Paulo Guedes disse ser contra e o presidente voltou a afirmar que 99,9% da economia está com Guedes. Tranquilizando em partes os que acreditam que o teto de gastos pode ser furado, uma vez que o consenso é que Paulo Guedes jamais deixaria isso acontecer.


RELATÓRIO FOCUS

As instituições financeiras consultadas pelo Banco Central do Brasil revisaram parte dos indicadores nas projeções no Boletim Focus desta segunda-feira (05).

Para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), as projeções saíram de 2,05% para 2,12%. Para 2021, a previsão para o IPCA saiu de 3,01% para 3%. Para 2022, as estimativas ficaram em 3,50%. O índice ficou em 3,25% nas projeções para 2023.

A projeção para a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) saiu de menos 5,04% para menos 5,02% para este ano. Para 2021, a estimativa permaneceu em 3,50%. As projeções ficaram em 2,50% para 2022 e 2023.

A previsão do mercado financeiro para a cotação do dólar ficou em R$5,25 este ano pela 5ª semana consecutiva. Para 2021, a projeção ficou em R$5,00 pela 12ª semana consecutiva. Já para 2022, a projeção ficou em R$4,90 e saiu de R$4,85 para R$4,80 2023.

A projeção para a taxa básica de juros, a Selic, ficou em 2,00% para 2020. Para 2021, os analistas também deixaram as projeções em 2,50%. As projeções ficaram em 4,50% em 2022 e ficou em 5,50% para 2023.



PERSPECTIVA 

Em resumo, continuamos em um cenário de incertezas, ainda por conta do corona-vírus e por instabilidades políticas, principalmente em relação ao quadro fiscal, e o teto de gastos.

No exterior, temos aversão ao risco por conta do medo causado pelo aumento de casos de covid-19 em contraposição ao desenvolvimento de vacinas, teste e aplicação na imunização em massa, a disputa entre vírus e vacina segue firme e ainda não temos horizonte claro para indicar um vencedor no curto prazo.  

Atualmente a grande discussão em diversos países, principalmente nos EUA, é com relação a pacotes de ajustes fiscais e sobre a eleição presidencial. 

Outro ponto é a disputa eleitoral nos EUA que traz mais inconstância aos mercados, principalmente depois de Trump ter testado positivo e ter que trocar sua estratégia de campanha nos comícios, um dos seus pontos mais fortes, pela quarentena causada pelo vírus contraído, e sobre os debates públicos. O próximo debate está agendado para o dia 15/10.

Outro ponto que traz grandes efeitos para economia global, é o surgimento de novos casos do covid-19, forçando alguns países a voltarem para o estado de quarentena, o que reflete em um fechamento da economia e um novo atraso na recuperação.

Por aqui, seguimos com problemas típicos políticos, eleições paralisando o Congresso Nacional, e as disputas e ataques entre Paulo Guedes e Rodrigo Maia.

O que se espera é que o governo se posicionar de forma mais definitiva sobre o futuro das reformas e dos ajustes, para que outras variáveis como câmbio e juros se ajustem no curto e médio prazo, já que no longo, a situação parece melhor.

Na bolsa, chegamos a cair para da faixa de 94 mil pontos, mas parece estar havendo alguma luta para não perder esse patamar.

Ainda segue no radar os sinais de abertura na curva de juros, o que nos preocupa quanto ao aumento de taxa de juros e a alta volatilidade nos títulos federais de longo prazo. Outro acontecimento que não tínhamos desde 2002, foram as LFTs (Tesouro Selic) sendo negociada a taxas negativas. 

O mais recomendado para o atual momento é a cautela ao assumir posições mais arriscadas no curto prazo, a volatilidade nos mercados deve se manter sem ainda a desenhar um horizonte claro, em razão principalmente pelo nosso cenário político.

Mantemos nossa recomendação de adotar cautela nos investimentos e acompanhamento diário dos mercados e estratégias. Mantemos a sugestão para que os recursos necessários para fazer frente às despesas correntes sejam resgatados dos investimentos menos voláteis (CDI, IRF-M1, IDkA IPCA 2A). Para o IMA-B que é formado por títulos públicos indexados à inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que são as NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional - Série B ou Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais), não estamos recomendando o aporte no segmento, mantemos a estratégia de alocação em 15%, sendo indicado para os RPPS que possuem porcentagem igual ou maior,  aos que possuírem porcentagem inferior a 15%, recomendamos a não movimentação no segmento. Os demais recursos mantenham-nos em "quarentena" esperando um melhor momento para realocar. Tomar decisões precipitadas enseja realizar uma perda decorrente da desvalorização dos investimentos sem possibilidades de recuperação na retomada dos mercados. Para aqueles que enxergam uma oportunidade de investir recursos a preços mais baratos, municie-se das informações necessárias para subsidiar a tomada da decisão.



* Aos clientes que investem em Fundos de Participações e Fundos Imobiliários em percentual superior a 2,5% em cada, reduzir a exposição aos Fundos de Ações na proporção desse excesso.


Indicadores Diários - 02/10/2020



Índices de Referência - Agosto/2020