NOSSA VISÃO - 13/10/2020

RETROSPECTIVA

Semana marcada pelo otimismo no exterior, com valorização nos mercados, podendo ser explicado pela estabilização na disputa presidencial americana, o aumento na probabilidade de vitória dos democratas, que deve assumir o senado e a câmara, além da presidência. 

Caso aconteça, ao longo dos próximos anos, devemos observar a inclusão de pacotes fiscais com mais facilidade, dada as atuais discussões sobre o assunto e o posicionamento por parte dos democratas, com o objetivo se sustentar setores afetados em direção a prosperidade.

Nos Estados Unidos, o foco ficou por conta das conversas envolvendo a presidente da Câmara Nancy Pelosi e o secretário do Tesouro, Steve Mnuchin sobre os estímulos fiscais de aproximadamente de US$ 2,2 trilhões.

Porém, ainda no início da semana, no dia 6, o presidente Donald Trump rejeitou a proposta dos Democratas e pediu para encerarem as negociações até o final das eleições, como era de se esperar, o mercado reagiu negativamente as atitudes de Trump.

Mas logo no dia seguinte Trump voltou atrás e autorizou retomada das negociações. Mnuchin e Nancy Pelosi por sua vez, divergiram sobre a força do estímulo e o direcionamento aos setores, fechando assim mais uma semana sem definição de pacote fiscal.

De acordo com a ata do FED, a economia vem recuperando acima do previsto, com fluxo de crédito sendo fundamental para famílias e negócios, porém os riscos persistem com recuperação setorial sem constância. Alertou também para a inadimplência em empréstimos corporativos, que obteve crescimento expressivo nos últimos meses. O entendimento é de que a recuperação vem perdendo força, necessitando de mais estímulos.

Na Europa, os índices ficaram se sustentaram no azul, muito embora tenham tido números econômicos desanimadores por parte do Reino Unido.

A segunda onda de corona-vírus segue castigando alguns países europeus, como é o caso da Espanha, por lá foram impostas medidas de restrições pelo governo ao declarar estado de emergência na capital e região.

Ao fim da semana, o fechamento foi de vendas no varejo em alta de 4,4% em agosto e no Reino Unido decepção com alta de 0,3%, quando o previsto era expansão de 2,8%. Na Alemanha, as encomendas à indústria em agosto cresceram 4,5%, acima da previsão de 2,5%, a produção industrial encolheu 0,2% em agosto, contrariando expectativa de +1,5%. 

Na Ásia, o destaque da semana veio do Banco Central do Japão, que atualizou sua visão sobre a economia em oito das nove regiões do país. Em um discurso aos gerentes do BoJ, na quinta-feira (08), o governador Haruhiko Kuroda disse esperar que a recuperação continue, mas disse que está ocorrendo de forma lenta.

Por aqui, o ambiente político esteve mais tranquilo, puxado pelo entendimento entre Rodrigo Maia e Paulo Guedes, aliado as declarações importantes de Maia sobre querer votar ainda esse ano a PEC emergencial, que contempla o Pacto Federativo e ainda o Renda Cidadã. Se acontecesse seria muito benéfico para o país e para os mercados, porém, o relator disse que o Renda Cidadã foi adiado e que só será discutido após as eleições. 

De qualquer forma, as preocupações permanecem vivas para os agentes do mercado no tocante ao quadro fiscal, endividamento, rolagem de dívidas e teto de gastos. Além disso, existem importantes dúvidas com relação à reforma tributária entregadas em fases com distanciamento de tempo entre elas, que é mais fácil de ser aprovada, mas que não se sabe onde acaba. Também preocupa de onde virá os recursos para o Renda Cidadã.


RELATÓRIO FOCUS

Para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), as projeções subiram de 2,12% para 2,47%. Para 2021, a previsão para o IPCA aumentou de 3% para 3,02%. Para 2022, as estimativas ficaram em 3,50%. O índice ficou em 3,25% nas projeções para 2023.

A projeção para a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) saiu de -5,02% para -5,03% para este ano. Para 2021, a estimativa permaneceu em 3,50%. As projeções ficaram em 2,50% para 2022 e 23.

A previsão do mercado financeiro para a cotação do dólar subiu de R$5,25 para R$5,30 este ano. Para 2021, a projeção saiu do R$5,00 para os R$5,10. Já para 2022, a projeção ficou em R$4,90 e ficou em R$4,80 2023.

A projeção para a taxa básica de juros, a Selic, ficou em 2,00% para 2020. Para 2021, os analistas também deixaram as projeções em 2,50%. As projeções ficaram em 4,50% em 2022 e ficou em 5,50% para 2023.



PERSPECTIVA

A semana mais curta começa com a diferença de abertura de mercado, pelo feriado que ocorreu no Brasil em comparação com o exterior que teve mercado aberto, e o que se espera é um espelho do que vem acontecendo no exterior, a alta dos mercados. 

Por lá, os indicadores foram positivos, mesmo diante das expectativas em relação ao pacote de estímulos fiscais norte americano, agora aparentemente com negociações retomadas, mas ainda sem acordo definido entre Democratas e Republicanos.

Porém, outros dois fatores se destacam. Um deles é a segunda onda de contaminação pela COVID-19, com a cidade de Madri em estado de emergência decretado e outros países também tendo que conviver com a nova onda de contaminação crescente, e de outro com as eleições americanas, segundo pesquisas recentemente lançadas, Biden aumenta a sua diferença sobre Trump. 

A preocupação com o quadro fiscal, endividamento, rolagem de dívidas e teto de gastos, segue como pauta, caso isso aconteça, além de gerar desconfiança dos investidores estrangeiros, geraria um aumento na taxa de juros e no risco Brasil e isso não seria bom para o estado da economia atual, que já segue prejudicada. 

Situação que o Brasil vem tentando evitar ao longo dos últimos anos, reconquistar os investidores estrangeiros, a partir de um quadro fiscal mais bem elaborado, uma agenda de reformas estruturais, que ocasionalmente levaria o Brasil a um controle maior sobre as receitas e gastos governamentais.

Segue no radar, o aumento dos índices de preço da economia, uma inflação que começou acelerar e que tem impactos significativos já no curto prazo.

Os dados indicam uma pressão no curto prazo nos preços ao consumidor amplo e isto pode levar o Banco Central a intensificar as discussões sobre o ritmo das reformas. É provável que a qualquer sinal de melhora constante na economia, devemos ter uma elevação da SELIC, mesmo que antes do projetado.

Ainda segue no radar os sinais de abertura na curva de juros, o que nos preocupa quanto ao aumento de taxa de juros e a alta volatilidade nos títulos federais de longo prazo. Outro acontecimento que não tínhamos desde 2002, foram as LFTs (Tesouro Selic) sendo negociada a taxas negativas. 

O mais recomendado para o atual momento é a cautela ao assumir posições mais arriscadas no curto prazo, a volatilidade nos mercados deve se manter sem ainda a desenhar um horizonte claro, em razão principalmente pelo nosso cenário político.

Mantemos nossa recomendação de adotar cautela nos investimentos e acompanhamento diário dos mercados e estratégias. Mantemos a sugestão para que os recursos necessários para fazer frente às despesas correntes sejam resgatados dos investimentos menos voláteis (CDI, IRF-M1, IDkA IPCA 2A). Para o IMA-B que é formado por títulos públicos indexados à inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que são as NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional - Série B ou Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais), não estamos recomendando o aporte no segmento, mantemos a estratégia de alocação em 15%, sendo indicado para os RPPS que possuem porcentagem igual ou maior,  aos que possuírem porcentagem inferior a 15%, recomendamos a não movimentação no segmento. Os demais recursos mantenham-nos em "quarentena" esperando um melhor momento para realocar. Tomar decisões precipitadas enseja realizar uma perda decorrente da desvalorização dos investimentos sem possibilidades de recuperação na retomada dos mercados. Para aqueles que enxergam uma oportunidade de investir recursos a preços mais baratos, municie-se das informações necessárias para subsidiar a tomada da decisão.



* Aos clientes que investem em Fundos de Participações e Fundos Imobiliários em percentual superior a 2,5% em cada, reduzir a exposição aos Fundos de Ações na proporção desse excesso.


Indicadores Diários - 09/10/2020



Índices de Referência - Setembro/2020