NOSSA VISÃO - 03/11/2020

RETROSPECTIVA

Como o esperado a última semana de outubro mexeu bastante com os mercados, marcada pelas divulgações trimestrais do PIB, a proximidade das eleições americanas e o aumento da contaminação pela covid-19, principalmente em países da Europa e EUA.

No cenário externo, durante a semana, países da Europa como Alemanha e França ampliaram as restrições sociais devido ao aumento massivo de casos do Covid-19, enquanto outros decretaram estado de emergência, como é o caso da Espanha. 

Portanto, volta a se falar na possibilidade dessa nova onda afetar ao mesmo nível da primeira, já que o quarto trimestre do ano vem novamente enfraquecido. Aliado a isso temos ainda o fato de que os bancos centrais não terem mais cartas na manga e países já não possuem folga fiscal para manter a economia.

Fator que pode ser fundamental nessas novas ondas que estão surgindo é que a infraestrutura adquirida por conta da primeira onda, podendo ajudar a conter os impactos das ondas subsequentes, teoria que já se confirma ao comparar os novos casos e a taxa de mortalidade, entretanto alcançar a normalidade gira apenas em torno da tão esperada vacina. 

Nos Estados Unidos, o foco está voltado para as eleições presidências e o que preocupa os mercados não é nem tanto em relação ao vencedor e sim pela possibilidade de não aceitação do resultado por parte dos candidatos, podendo levar a decisão a justiça. Podendo provocar um atraso no resultado oficial, gerando maior volatilidade aos mercados. Por outro lado, o PIB do terceiro trimestre anualizado cresceu 33,1% e no trimestre com expansão de 7,4%.

Na Europa, as bolsas estão tendendo para baixo. Ao somar o aumento no número de casos de pessoas contaminadas pelo Covid-19 mais as medidas de contenção como lockdown total na França e Espanha e parcialmente na Alemanha, inicialmente lateralizando o mercado por lá e já afetando o resto do mundo, aumentando as preocupações e gerando volatilidade. Em relação ao PIB trimestral, os dados foram de expansão de 18,2% na França e queda no ano de 4,2%, a Alemanha obteve alta de 8,2%, zona do euro com alta de 12,7% e na Itália alta de 16,1%.

Na Ásia, depois do anúncio do Plano Econômico apresentado pelo Partido Comunista, os mercados ficaram no vermelho. O Comitê Central do Partido Comunista começa a analisar o novo plano quinquenal, uma proposta para guiar a economia chinesa até 2025, parceiros comerciais já estão de olhos voltados para os próximos passos. 

Por aqui, os aspectos negativos advindo do exterior impactaram o nosso mercado justamente quando o ambiente político parecia se acalmar, como consequência tivemos queda na Bolsa que fechou o mês no negativo.

O Banco Central informou que o déficit primário ficou em R$ 635,9 bilhões, aproximadamente 11,9% do PIB (em setembro queda para R$ 64,6 bilhões), com a previsão oficial para 2020 de R$ 895,8 bilhões, cerca de 12,5% do PIB. 

O déficit nominal do ano está em R$ 888,5 bilhões, correspondente a 16,7% do PIB, o que é extremamente elevado. A dívida bruta subiu para 90,6% do PIB, vindo de 88,8 % no mês anterior. O IBGE anunciou dados da PNAD contínua do trimestre encerrado em agosto com a taxa de desemprego evoluindo para 14,4%, contra taxa de 11,8% em igual período.

Houve também a decisão do Copom mantendo a taxa de juros inalterada, fato que já era previsto, porem o teor do anúncio preocupou, devido a explanação tranquila sobre a evolução da inflação e preocupação com o quadro fiscal. A avaliação feita pelo mercado é que o Bacen pode estar avaliando o cenário sobre outra ótica, diferindo do mercado. 


RELATÓRIO FOCUS

Para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), as projeções subiram de 2,99% para 3,02%. Para 2021, a previsão para o IPCA saiu de 3,10% para 3,11%. Para 2022, as estimativas ficaram em 3,50%. O índice ficou em 3,25% nas projeções para 2023.

A projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) se manteve em menos 4,81% para este ano. Para 2021, a estimativa saiu da alta de 3,42% para um ganho menor de 3,34%. As projeções ficaram em alta de 2,50% para 2022 e 2023.

A previsão do mercado financeiro para a cotação do dólar saiu de R$5,40 para R$5,45 este ano. Para 2021, a projeção ficou em R$5,20. Já para 2022, a projeção saiu de R$4,90 para R$5,00 e saiu de R$4,90 para R$4,94 em 2023.

A projeção para a taxa básica de juros, a Selic, ficou em 2,00% para 2020. Para 2021, ficou em 2,75%. As projeções ficaram em 4,50% em 2022 e 6% em 2023.



PERSPECTIVA

A semana já começa exigindo correção nas aberturas na terça-feira, devido ao feriado de finados que ocorreu na segunda-feira, até o momento, o Ibovespa apresenta alta, apostando que Joe Biden pode vencer Donald Trump e pode pressionar os Estados Unidos por um estímulo econômico maior.

Os investidores devem se manter voltados para a definição da eleição americana, tendo um vencedor anunciado o mercado deve ter um horizonte mais claro para se expor. O risco é inicialmente apenas o de demora e de eventuais questionamentos sobre o resultado.

Foco ainda voltados também para a ascensão da contaminação pela covid-19 e sobre as novas medidas restritivas que podem causar novas recessões nos principais países.

Na agenda da semana, temos a votação da independência do BC marcada no Senado para hoje (03) e os vetos do presidente ao marco do saneamento e desonerações, entretanto isso pode não ocorrer, uma vez que Congresso anda bem parado a medida em que as eleições se aproximam. 

A preocupação com o quadro fiscal, endividamento, rolagem de dívidas e teto de gastos, segue como principal pauta, caso isso aconteça, além de gerar desconfiança dos investidores estrangeiros, geraria um aumento na taxa de juros e no risco Brasil e isso não seria bom para o estado da economia atual, que já segue prejudicada. 

Situação que o Brasil vem tentando evitar ao longo dos últimos anos, reconquistar os investidores estrangeiros, a partir de um quadro fiscal mais bem elaborado, uma agenda de reformas estruturais, que ocasionalmente levaria o Brasil a um controle maior sobre as receitas e gastos governamentais.

Segue no radar, o aumento dos índices de preço da economia, uma inflação que começou acelerar e que tem impactos significativos já no curto prazo.

A partir de uma visão do Banco central onde passa a ideia de que as condições continuam essencialmente as mesmas sem mudanças no quadro fiscal e que aceleração da inflação seria temporária, como principal consequência a taxa de juros pode ficar baixa por mais tempo. 

O que se observa são as taxas de juros prefixadas de vencimentos mais longos acabam ficando igualmente impressionadas em níveis mais elevados, sendo a compensação exigida pelos investidores pelo fato de eventualmente a Selic ao nível de hoje estar errada e precisar ser corrigido no futuro para cima. O que nos faz entender que certos segmentos não atraem devido ao prêmio pago e podem gerar volatilidade e risco aos portifólios. 

Os dados indicam uma pressão no curto prazo nos preços ao consumidor amplo e isto pode levar o Banco Central a intensificar as discussões sobre o ritmo das reformas. É provável que a qualquer sinal de melhora constante na economia, devemos ter uma elevação da SELIC, mesmo que antes do projetado.

Logo, segue no radar os sinais de abertura na curva de juros, o que nos preocupa quanto ao aumento de taxa de juros e a alta volatilidade nos títulos federais de longo prazo. Fato que não acontecia desde 2002 e que agora vem acontecendo nos últimos 2 meses, são as LFTs (Tesouro Selic) sendo negociada a taxas negativas.

O mais recomendado para o atual momento é a cautela ao assumir posições mais arriscadas no curto prazo, a volatilidade nos mercados deve se manter sem ainda a desenhar um horizonte claro, em razão principalmente pelo nosso cenário político.

Mantemos nossa recomendação de adotar cautela nos investimentos e acompanhamento diário dos mercados e estratégias. Mantemos a sugestão para que os recursos necessários para fazer frente às despesas correntes sejam resgatados dos investimentos menos voláteis (CDI, IRF-M1, IDkA IPCA 2A). Para o IMA-B que é formado por títulos públicos indexados à inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que são as NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional - Série B ou Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais), não estamos recomendando o aporte no segmento, alteramos a estratégia de alocação para 10% ante a 15%, sendo indicado para os RPPS que possuem porcentagem igual ou maior,  aos que possuírem porcentagem inferior a 10%, recomendamos a não movimentação no segmento. 

Os demais recursos mantenham-nos em "quarentena" esperando um melhor momento para realocar. Tomar decisões precipitadas enseja realizar uma perda decorrente da desvalorização dos investimentos sem possibilidades de recuperação na retomada dos mercados. Para aqueles que enxergam uma oportunidade de investir recursos a preços mais baratos, municie-se das informações necessárias para subsidiar a tomada da decisão.



* Aos clientes que investem em Fundos de Participações e Fundos Imobiliários em percentual superior a 2,5% em cada, reduzir a exposição aos Fundos de Ações na proporção desse excesso.


Indicadores Diários - 30/10/2020



Índices de Referência - Setembro/2020