NOSSA VISÃO - 30/11/2020

RETROSPECTIVA

Semana positiva, marcada pela transição de Biden ao poder americano com aval de Trump, indicando uma transição pacífica e menos conturbada, aliada aos anúncios referentes a vacina para o Covid-19 e uma possível distribuição em escala ainda para esse ano, de maneira emergencial. 

O Ibovespa refletiu o cenário externo e sustentou alta de 4,27%, que apesar das preocupações com o quadro fiscal recebeu uma entrada consideração de capital externo, até o meio da semana houve ingresso de R$ 30,0 bilhões, favorecendo a alta da semana, entretanto o saldo do ano ainda permanecia negativo em R$ 54,9 bilhões. 

No cenário externo, nos Estados Unidos, mesmo na semana mais curta devido ao feriado de ações de graças, que teoricamente deveria tirar um pouco da liquidez do mercado, isso não ocorreu, outras notícias impactantes levaram a semana a resultados positivos e bons fechamentos. 

Um dos temores do mercado era de Trump dificultaria o máximo a transição de Biden ao poder, judicializando o resultado da votação presidencial, parece estar ficando para trás, durante a semana Trump começou a sinalizar uma aceitação na derrota nas eleições, trazendo mais tranquilidade para que Biden assuma o cargo. 

Os anúncios por parte de Biden geraram boas expectativas aos agentes de mercado ao anunciar que Janet Yellen (ex-presidente do FED) pode chefiar o Tesouro, Kamala Harris (vice-presidente de Biden), por sua vez declarou que irá se esforçar para aprovar pacote de estímulo fiscal.

Com relação aos indicadores de conjuntura, os EUA tiveram alta e alcançaram 57,9 pontos nos indicadores de atividade industrial e serviços, maior patamar dos últimos 68 meses.

Na zona do euro, as preocupações giram tem torno do PIB, na Alemanha se fala em PIB em queda no quatro trimestre, elevando a possibilidade de uma nova queda na economia, devido a isso o BCE (Banco Central Europeu) quer utilizar os instrumentos de política monetária para a região já em dezembro, muito possivelmente ampliando compras de títulos, e injetando liquidez aos mercados. 

Em relação Brexit, na medida em que vamos nos aproximando do final do ano, as negociações de acordo pós-Brexit se mantêm praticamente as mesmas, com poucas alterações. Fato que contribui para o não acordo em relação ao Brexit, Boris Johnson (primeiro-ministro) ampliou restrições de contato na Inglaterra, em função do aumento do contágio pelo covid-19.

Na Ásia, os governos já começam a se movimentar e agir mediante a novas ondas de contágios, no Japão por exemplo, Suga (primeiro-ministro) diz precisar de mais estímulos da ordem de US$ 384 bilhões. 

Já o Banco Popular da China (Banco Central chinês) pretende agir com a política monetária de forma mais flexível e direcionada. A Coreia do Sul por sua vez, manteve juros estáveis em 0,50%, de acordo com a expectativa de mercado.

Por aqui, o Ibovespa sustentou a alta na semana. O bom humor dos investidores ditou o ritmo na bolsa. Indicadores econômicos acima da expectativa acabaram por deixar de lado as questões políticas. Os falares dos líderes de governo por aqui, não foram bem interpretados, principalmente com as falas de Bolsonaro na cúpula dos BRICS, as pautas do G-20 sobre meio ambiente que pode afetar o Brasil, no quesito relacionamento com outros países importantes. 


RELATÓRIO FOCUS

Para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), as projeções saíram de 3,45% para 3,54%. Para 2021, a previsão para o IPCA saiu de 3,40% para 3,47%. Para 2022, as estimativas ficaram em 3,50%. O índice permaneceu em 3,25% nas projeções para 2023.

A projeção para a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) saiu de menos 4,55% para menos 4,50% este ano. Para 2021, a estimativa saiu de 3,40% para 3,45%. As projeções permaneceram em alta de 2,50% para 2022 e 2023.

A previsão do mercado financeiro para a cotação do dólar caiu de R$5,38 para R$5,36 este ano. Para 2021, a projeção ficou em R$5,20. Já para 2022, a projeção ficou R$5,00 e saiu de R$4,94 para R$4,97 em 2023.

A projeção para a Selic, permaneceu em 2,00% para 2020. Para 2021, ficou em 3,0%. As projeções ficaram em 4,50% em 2022 e 6,0% em 2023.



PERSPECTIVA

As expectativas para as próximas semanas são em relação as ações do congresso, ao passar das eleições municipais, tendo Bruno Covas como vencedor em São Paulo, o que se espera é que haja esforço concentrado para a discussão e votação de temas fundamentais para o futuro da economia no país. 

O foco permanece em assuntos já discutidos e se espera certa pressão sob o governo a cerca do andamento das reformas e ajustes, privatizações, teto de gastos controle do endividamento, votação do orçamento e extensão de auxílios. 

No cenário externo, o contraste fica por conta da contaminação do vírus com a confecção da vacina imunizante, muito provavelmente Trump irá se pronunciar sobre o desenvolvimento e a disponibilidade nas próximas semanas. 

A preocupação com o quadro fiscal, endividamento, rolagem de dívidas e teto de gastos, segue como principal pauta, caso isso aconteça, além de gerar desconfiança dos investidores estrangeiros, geraria um aumento na taxa de juros e no risco Brasil e isso não seria bom para o estado da economia atual, que já segue prejudicada. 

Situação que o Brasil vem tentando evitar ao longo dos últimos anos, reconquistar os investidores estrangeiros, a partir de um quadro fiscal mais bem elaborado, uma agenda de reformas estruturais, que ocasionalmente levaria o Brasil a um controle maior sobre as receitas e gastos governamentais.

Segue no radar, o aumento dos índices de preço da economia, uma inflação que começou acelerar e que tem impactos significativos já no curto prazo.

Apesar de todas as oscilações de mercado, as expectativas do mercado seguem as mesmas, não enxergando espaço para uma queda brusca e esperando algum gatilho advindo das medidas do governo para um posicionamento mais forte nos ativos de risco. 

Os dados indicam uma pressão no curto prazo nos preços ao consumidor amplo e isto pode levar o Banco Central a intensificar as discussões sobre o ritmo das reformas. É provável que a qualquer sinal de melhora constante na economia, devemos ter uma elevação da SELIC, mesmo que antes do projetado.

Ainda segue no radar os sinais de abertura na curva de juros, o que nos preocupa quanto ao aumento de taxa de juros e a alta volatilidade nos títulos federais de longo prazo. Fato que não acontecia desde 2002 e que agora vem acontecendo nos últimos 2 meses, são as LFTs (Tesouro Selic) sendo negociada a taxas negativas.

O mais recomendado para o atual momento é a cautela ao assumir posições mais arriscadas no curto prazo, a volatilidade nos mercados deve se manter sem ainda a desenhar um horizonte claro, em razão principalmente pelo nosso cenário político.

Mantemos nossa recomendação de adotar cautela nos investimentos e acompanhamento diário dos mercados e estratégias. Mantemos a sugestão para que os recursos necessários para fazer frente às despesas correntes sejam resgatados dos investimentos menos voláteis (CDI, IRF-M1, IDkA IPCA 2A). Para o IMA-B que é formado por títulos públicos indexados à inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que são as NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional - Série B ou Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais), não estamos recomendando o aporte no segmento, mantemos a estratégia de alocação em 15%, sendo indicado para os RPPS que possuem porcentagem igual ou maior,  aos que possuírem porcentagem inferior a 15%, recomendamos a não movimentação no segmento. Os demais recursos mantenham-nos em "quarentena" esperando um melhor momento para realocar. Tomar decisões precipitadas enseja realizar uma perda decorrente da desvalorização dos investimentos sem possibilidades de recuperação na retomada dos mercados. Para aqueles que enxergam uma oportunidade de investir recursos a preços mais baratos, municie-se das informações necessárias para subsidiar a tomada da decisão.


* Aos clientes que investem em Fundos de Participações e Fundos Imobiliários em percentual superior a 2,5% em cada, reduzir a exposição aos Fundos de Ações na proporção desse excesso.


Indicadores Diários - 27/11/2020



Índices de Referencia - Outubro/2020