NOSSA VISÃO - 18/01/2021

RETROSPECTIVA

Semana agitada no mercado com choque de investidores em relação ao contínuo aumento da expansão de casos de Covid-19 pelo mundo, ainda que com as notícias de início de vacinação da população. Principalmente na Europa, as notícias são de enrijecimento de restrições de contato social, como no caso do Reino Unido que restringiu uma grande quantidade de voos para o país além de não ter em perspectiva para retirar o lookdown até o segundo mês do ano, a França e sua adoção de toque de recolher, Portugal com adoção de outro lookdown, e em paralelo, os avanços de processos de impeachment do ex-presidente Donald Trump também preocupam os investidores.

Domesticamente, o debate político segue muito intenso quanto as questões de eleição para a Câmara e para o Senado, em conjunto com as brigas quanto ao constante aumento de casos e mortes pela pandemia no país em que há o debate quanto ao culpado pelo avanço.

Em relação aos bancos centrais estrangeiros, a ata de reunião do Banco Central europeu colocou de maneira positiva os efeitos de medidas de estímulo fiscal, por não mais conseguirem grandes efeitos por parte de redução de taxa de juros. Por outro lado, o presidente do FED afirmou que manterá sustentando uma taxa de juros baixa por tempo indeterminado.

A alocação de recursos no âmbito fiscal segue em pauta em todas os cantos do globo, aqueles governos que contam com uma margem para expansão desta política, estão fazendo, como é o caso dos países desenvolvidos, como os EUA que planejam sob o governo de Biden promover um estímulo que custará US$ 1,9 trilhão, e a Alemanha que fechou o ano com um déficit fiscal de 158,2 bilhões de euros, enquanto que países emergentes como o Brasil, enxergam as questões dos auxílios como algo a se tomar cuidado.

Quanto aos resultados de performance econômica, é valido mencionar o desempenho da produção industrial do Reino Unido que teve uma redução de 0,1% no penúltimo mês de 2020, enquanto o saldo da balança comercial na zona do euro ficou em 25,1 bilhões de euros puxados por uma inesperada alta de produção industrial de 2,5% contra -0,3% que era o previsto. O PIB alemão teve um encolhimento de 5% em 2020, enquanto na Ásia, a China realizava um saldo de balança comercial de 2020 de 535 bilhões de dólares.

No campo político local, a última semana foi tomada por brigas também relacionadas ao Covid-19. Assuntos como por exemplo a falta de seringas, a lentidão de posicionamento da Anvisa frente às vacinas disponíveis, e a situação do estado do Amazonas frente a escassez de oxigênio para os pacientes mais sensíveis, tiveram os holofotes da mídia nacional. No país, os números fatais do vírus já ultrapassaram os 207 mil, e o de infectados os 8 milhões de pessoas.


RELATÓRIO FOCUS

Com poucas alterações, o relatório Focus do Banco Central informou um superávit de pouco mais de 1 bilhão de dólares na balança comercial até o dia 10 de janeiro, e uma entrada de capital estrangeiro de 1,31 bilhão de dólares.

Os relatórios de inflação, tanto privado (IGP-M), quanto oficial (IPCA) trouxeram impactos muito preocupantes para o cenário nacional. A alta do IPCA de dezembro foi maior desde fevereiro de 2003 (1,35% contra 1,57% de 2003), fechando o acumulado de 2020 em 4,52% (o mais alto desde 2016, que fechou em 6,29%). O IGP-M fechou 2020 com o acumulado de 23,14%, muito impulsionado por conta do dólar, que impacta diretamente no índice de preços do atacado.

Para conter a inflação, já existe a discussão de uma eventual elevação da taxa básica de juros, a Selic, para início de 2021 caso uma mudança não ocorra.

No mercado de ações, a bolsa de valores Bovespa registrou uma entrada de 16,6 bilhões de reais até 13/01, mostrando uma constante alta vinda de três meses anteriores.



PERSPECTIVA 

Não sendo possível deixar de falar, a esperança para os próximos dias e semanas é de uma aceleração quanto a imunização da sociedade, para que inclusive os efeitos dos estímulos monetários e fiscais surtam os efeitos desejados.

Num detalhe um pouco maior, o foco dos governos e bancos centrais é em "não errar a mão" nos estímulos, evitando os excessos (como por exemplo em países emergentes em deteriorar muito a situação fiscal), ou de países desenvolvidos com as manobras da taxa de juros, entre outros pontos.

Sob um novo presidente da câmara, a esperança é de avanços nos campos das reformas que estão pautadas a anos pelos ministros do executivo, como por exemplo as privatizações, concessões ao setor privado, entre outros. Reformas estas que contribuiriam para a tão sonhada retomada e desenvolvimento nacional.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, a expectativa quanto à posse de Joe Biden é de um aumento do fluxo de capital estrangeiro para os mercados internacionais.

Os indicadores de preço seguem sendo monitorados pelas autoridades políticas e monetárias, para minimizar os efeitos negativos dos estímulos fiscais e monetários.

Ainda sob a incerteza quanto ao futuro, o mais recomendado é a prudência nos investimentos, para mitigar as perdas.

Mantemos nossa recomendação de adotar cautela nos investimentos e acompanhamento diário dos mercados e estratégias. Mantemos a sugestão para que os recursos necessários para fazer frente às despesas correntes sejam resgatados dos investimentos menos voláteis (CDI, IRF-M1, IDkA IPCA 2A). Para o IMA-B que é formado por títulos públicos indexados à inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que são as NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional - Série B ou Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais), não estamos recomendando o aporte no segmento, com a estratégia de alocação em 10%, sendo indicado para os RPPS que possuem porcentagem igual ou maior, aos que possuírem porcentagem inferior a 10%, recomendamos a não movimentação no segmento. Os demais recursos mantenham-nos em "quarentena" esperando um melhor momento para realocar. Tomar decisões precipitadas enseja realizar uma perda decorrente da desvalorização dos investimentos sem possibilidades de recuperação na retomada dos mercados. Para aqueles que enxergam uma oportunidade de investir recursos a preços mais baratos, municie-se das informações necessárias para subsidiar a tomada da decisão.


* Aos clientes que investem em Fundos de Participações e Fundos Imobiliários em percentual superior a 2,5% em cada, reduzir a exposição aos Fundos de Ações na proporção desse excesso.


Indicadores Diários - 15/01/2021



Índices de Referência - Dezembro/2020