NOSSA VISÃO - 01/02/2021

RETROSPECTIVA

A última semana de janeiro fecha com alta volatilidade nos mercados e principalmente no câmbio. Assim como no mês, a semana foi carregada de notícias sobre conjuntura e resultados das empresas ainda referentes a 2020, aliado a um processo de vacinação um pouco lento e movimentos especulativos mercado acionário americano.

Em âmbito global, o mês trouxe muita incerteza, a expectativa de retomada econômica parece ainda não sustentar a força do Covid-19 e suas novas variantes, embora o processo de vacinação tenha sido iniciado, as farmacêuticas não conseguindo atender à crescente demanda, levando a produção de vacinas em larga escala como o objetivo a ser superado.

No Brasil há muita expectativa com relação à eleição para a presidência da Câmara e Senado, que será definida na próxima semana, e com os principais candidatos sendo aqueles apoiados com o governo, em paralelo a isso, o Presidente Jair Bolsonaro ainda segue pressionado.

No cenário externo, a preocupação se dá a partir da expectativa de retomada econômica sendo frustrada pela lenta vacinação contra a covid-19, fato que ocorre em diversos países, tendo como contraponto as restrições sociais e "lockdowns" como as principais medidas para contenção do vírus, deixando os principais governos em alerta.

O Fórum Virtual de Davos apontou as preocupações em relação as incertezas na economia, sobre retomada econômica, visivelmente já nesse primeiro trimestre de 2021, e houve um consenso de que ainda é preciso utilizar das ferramentas de política monetária e fiscal para que haja sustentamento econômico.

Nos Estados Unidos, o novo presidente Joe Biden adotou medidas para voltar atrás na decisão de saída do acordo de Paris sobre clima e de deixar a OMS, como já era esperado. Como forma de solução para o plano mais lento de vacinação atual, Biden quer vacinar 100 milhões de pessoas em 100 dias.

Tivemos também a divulgação do PIB americano do quarto trimestre de 2020, indicando alta de 4% e acumulando queda de 3,5% no ano. O Dow Jones fechou a -3,28% e a Nasdaq a -3,49% na semana.

O assunto mais falado na semana, foi o processo especulativo com ações da GameStop e AMC, com a SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos) suspendendo negócios e iniciando investigação sobre manipulação.

Na Europa, na semana e no mês, os investidores mostraram um perfil cauteloso devido as medidas restritivas para evitar o avanço do coronavírus, ocasionando queda nos principais índices da região. A Comissão Europeia criou um mecanismo "de emergência" para controlar e bloquear as exportações de vacinas imunizantes contra a Covid-19 produzidas no território da União Europeia para outros países.

Por lá o discurso segue como a ação necessária, temporária e saudável, em relação proibição da entrada de imigrantes, cancelamentos de voos e o endurecimento das medidas restritivas.

Na Ásia, como já se é esperado, apenas a China apresentou dados de conjuntura acima da média. O PIB chinês fechou 2020 com alta de 2,3%, mesmo sendo o pior resultado em 44 anos, o resultado é o único positivo no mundo todo.

Por aqui, a falta de coordenação por parte das autoridades de saúde e dos governos na produção de vacinas, distribuição e imunização, segue atrasando os planos mais sérios em relação à economia, aliado ao quadro político cada vez mais agravante. O Ibov fechou a -1,96% na semana.

RELATÓRIO FOCUS

Para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), as projeções saíram de 3,50% para 3,53%. Para 2022, a previsão para o IPCA ficou em 3,50%. Para 2023, as estimativas permaneceram em 3,25% e o mesmo número para 2024.

A projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) saiu de 3,49% para 3,50% em 2021. Para 2022, a estimativa se manteve em 2,50% para 2023 e 2024.

A taxa de câmbio saiu de R$5,00 para R$5,01 esse ano. Para 2022, o valor ficou em R$5,00 e para 2023 saiu de R$4,90 para R$4,85. Para 2024, o valor saiu de R$4,96 para R$4,90.

Para a taxa Selic, a previsão dos especialistas é de 3,50% para 2021, a alta em 5,0% para 2022. Para 2023 e 2024, a projeção é de 6%.



PERSPECTIVA

Para a próxima semana, devemos observar os vencedores da disputa pela Câmara e Senado, onde o que tudo indica é que os apoiados por parte do governo devam se sobressair aos demais.

A partir disso, teremos que avaliar o andamento de reformas e em qual intensidade será elaborada. O que tudo indica é auxílio emergencial menor e por cerca de três meses, como o mais indicado, mas será preciso definir cortes de gasto para não furar o teto.

Devemos observar também o processo de imunização da população brasileira com novas vacinas podendo entrar no plano inicial, mesmo atrasado, o país segue indo atras de acordos benéficos para a população.

A preocupação com o quadro fiscal, o grave endividamento e teto de gastos, restando apenas esperar que o acordado seja respeitado, caso o desajuste fiscal aconteça, além de gerar desconfiança dos investidores estrangeiros, geraria um aumento inesperado na taxa de juros, por esse motivo, e do risco Brasil, fato que seria prejudicial para a o momento atual da economia.

Situação que o Brasil vem tentando evitar ao longo dos últimos anos, reconquistar os investidores estrangeiros, a partir de um quadro fiscal mais bem elaborado, uma agenda de reformas estruturais, que ocasionalmente levaria o Brasil a um controle maior sobre as receitas e gastos governamentais.

Segue no radar, o aumento dos índices de preço da economia, uma inflação que começou acelerar e que tem impactos significativos já no curto prazo, podendo já ser vista no IPCA. Mesmo com o Relatório Focus indicando uma desaceleração do índice para os próximos períodos.

Apesar de todas as oscilações de mercado, as expectativas seguem sendo o plano de vacinação contra a Covid-19 e toda a pauta de reforma que segue sem definição pelo governo.

Os dados indicam uma pressão no curto prazo nos preços ao consumidor amplo e isto pode levar o Banco Central a intensificar as discussões sobre o ritmo das reformas. É provável que a qualquer sinal de melhora constante na economia, devemos ter uma elevação da SELIC, mesmo que antes do projetado.

Os sinais de abertura na curva de juros, demonstrada pelo aumento da taxa de juros e a alta volatilidade nos títulos federais de longo prazo, aliada ao fato que acontecia desde 2002 e que aconteceu em setembro e outubro de 2020, com as LFTs (Tesouro Selic) sendo negociada a taxas negativas, indica a pressão sobre a Selic.

O mais recomendado para o atual momento é a cautela ao assumir posições mais arriscadas no curto prazo, a volatilidade nos mercados deve se manter sem ainda a desenhar um horizonte claro, em razão principalmente pelo nosso cenário político.

Mantemos nossa recomendação de adotar cautela nos investimentos e acompanhamento diário dos mercados e estratégias. Mantemos a sugestão para que os recursos necessários para fazer frente às despesas correntes sejam resgatados dos investimentos menos voláteis (CDI, IRF-M1, IDkA IPCA 2A). Para o IMA-B que é formado por títulos públicos indexados à inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que são as NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional - Série B ou Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais), não estamos recomendando o aporte no segmento, com a estratégia de alocação em 10%, sendo indicado para os RPPS que possuem porcentagem igual ou maior, aos que possuírem porcentagem inferior a 10%, recomendamos a não movimentação no segmento. Os demais recursos mantenham-nos em "quarentena" esperando um melhor momento para realocar. Tomar decisões precipitadas enseja realizar uma perda decorrente da desvalorização dos investimentos sem possibilidades de recuperação na retomada dos mercados. Para aqueles que enxergam uma oportunidade de investir recursos a preços mais baratos, municie-se das informações necessárias para subsidiar a tomada da decisão.


* Aos clientes que investem em Fundos de Participações e Fundos Imobiliários em percentual superior a 2,5% em cada, reduzir a exposição aos Fundos de Ações na proporção desse excesso.


Indicadores Diário - 29/01/2021



Índices de Referência - Dezembro/2020